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Por que o suicídio é tão comum na Coreia do Sul?

  • Foto do escritor: Rafaela Perius
    Rafaela Perius
  • 16 de jan. de 2019
  • 8 min de leitura

Para responder essa pergunta, devemos recorrer ao passado da Coreia: a Dinastia Joseon!

A Dinastia Joseon foi um estado coreano fundado por Taejo Yi Seong-gye que existiu entre 1392 e 1897. Foi fundado na sequência da derrubada da Dinastia Goryeo, onde é atualmente a cidade de Kaesong. Logo no início, a Coreia foi renomeada e a capital foi transferida para a atual Seul. Joseon foi a última dinastia da história da Coreia e a mais longa dinastia confucionista.

Durante seu reinado, Joseon consolidou o seu domínio absoluto sobre a Coreia, incentivou o fortalecimento dos ideais confucionistas e doutrinas na sociedade coreana, importou e adaptou a cultura chinesa, e viu o tamanho da cultura coreana clássica, comércio, ciência, literatura e tecnologia.

Mas como isso está relacionado com o suicídio? Bem... Na Coreia do Sul há aqueles que nascem com uma colher de ouro em suas bocas, entram nas melhores universidades e garantem um trabalho muito fácil e agradável que paga bem, enquanto há aqueles que nascem numa condição financeira inferior, trabalham longas horas em empresas que pagam pouco, sem benefícios.

Para os desbeneficiados, a Coreia tem até um jargão: "Inferno Joseon". Por cerca de 5 séculos, durante essa dinastia, as hierarquias confucionistas se enraizavam na Coreia e um sistema feudal determinava quem ficava no comando e quem não.

Desde a crise financeira de 2008, muitas pessoas perderam seus empregos, casas e principalmente, suas esperanças. Mas para os sul-coreanos, tais perdas são sentidas de modo mais crítico, por causa do tremendo contraste com os dias agitados da industrialização.

Na Coreia há também um aumento de empregos “irregulares” que não oferecem nenhuma segurança e benefícios, uma tendência sentida profundamente por aqueles que tentam crescer em seu trabalho.


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Fatores que levam os coreanos a cometer suicídio


Educação


A educação na Coreia do Sul é extremamente competitiva, tornando-se difícil entrar em uma universidade conceituada. O ano letivo de um estudante sul-coreano dura de março a fevereiro. O ano se divide em dois semestres: um de março a julho e outro de agosto a fevereiro. Um estudante do ensino médio na Coreia do Sul também gasta cerca de 16 horas por dia em atividades relacionadas à escola. Além disso, eles frequentam programas depois da escola chamados hagwons e há mais de 100 mil deles em toda a Coreia. Lá, não basta você tirar 90 numa prova. Você tem que ser o melhor! E isso deixa-os super exaustos e desgastados.

Muitos adolescentes e jovens estão sob controle para tirar boas notas e se saírem bem academicamente, o que tem sido citado por fazer com que eles se sintam suicidas, com fatores econômicos contribuindo para a pressão. Em 2017, um relatório mostrou que 37,2% dos jovens coreanos disseram que sofrem de estresse crônico.

Esse é um dos motivos por trás das altas taxas de suicídio na Coreia do Sul, entre jovens de 10 a 19 anos.


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Aparência


Na cultura coreana, a imagem pública é muito importante também. Há muito orgulho na aparência pessoal, e é por isso que a Coreia do Sul tem a maior proporção de procedimentos estéticos no mundo. Um em cada cinco sul-coreanos faz cirurgia plástica. Apesar de não estar diretamente relacionado à alta taxa de suicídio, a necessidade de ter uma certa aparência desempenha um papel importante na autoestima de um coreano, especialmente se eles sentirem que não podem alcançar os padrões da sociedade. A cultura pop asiática gera uma obsessão com a magreza e a perfeição do corpo, já que os coreanos de todas as idades procuram imitar e se assemelhar a seus ídolos.



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Bullying


A rejeição de quem se destaca é completamente natural, seja por escolha ou involuntariamente, deve-se à cultura dominante de conformidade. As crianças que parecem ser diferentes por exemplo muito baixas, muito altas, muito magras ou muito gordas, são vistas como uma pessoa ruim o que as torna um alvo, e então são tratadas como tal.

Ambos os tipos de Bullying (verbal e físico) causam danos emocionais para a vítima, o que explica claramente as profundas feridas psicológicas que alunos sofrem devido à intimidação na Coreia do Sul, profundas o suficiente para abandonar a escola ou até cometer suicídio.


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Kpop


A indústria do kpop está, em parte, relacionada à aparência e ao suicídio. Milhares de jovens todos os anos tentam entrar em agências para se tornarem k-idols e debutarem. Isso é algo que demanda muito trabalho, paciência e boa aparência.

Muitas dessas pessoas acabam não conseguindo entrar nesse meio apenas pelo fato de estarem "gordas" e fora dos padrões. E muitas que acabam entrando, podem não conseguir aguentar a pressão de ser um k-idol (como foi o exemplo de Kim Jognhyun, levando em conta também sua depressão).

Ser uma estrela na Coreia é bem diferente do que nos Estados Unidos, por exemplo. Na Coreia você tem que cuidar muito o que fala ( uma k-idol uma vez falou abertamente com o público sobre emponderamento e foi alvo de críticas e ameaças de morte), o jeito de se vestir, o peso (aparência no geral). Fora que um k-idol não pode namorar (deve focar 100% em seu trabalho), e se namorar, pode acabar perdendo contrato com a empresa e sendo criticado pelos fãs (como é o caso da Hyuna e E'Dawn). Lá existe esse "tabu" de k-idol namorar com k-idol.

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Estrelas coreanas que cometeram suicídio


Em 2005, a atriz Lee Eun-ju, estrela de filmes de sucesso como Taegukgi e The Scarlet Letter, cometeu suicídio aos 24 anos. O ex-presidente Roh Moo-hyun cometeu suicídio em 23 de maio de 2009 pulando de um penhasco na montanha. A supermodel Daul Kim cometeu suicídio em 19 de novembro de 2009 em Paris.

O magnata da construção civil Sung Wan-jong cometeu suicídio em abril de 2015, em meio a alegações de corrupção, e deixou uma nota de suicídio em que nomeou aqueles que ele alegava estarem envolvidos em corrupção. A artista performática U; Nee morreu em 2007, aos 25 anos. A "atriz da nação", Choi Jin-sil cometeu suicídio em 2008, assim como seu ex-marido, Cho Sung-min, em 2013.

Também houve casos notáveis ​​de suicídios em resposta à tragédias. Dois dias após o desastre do Ferry Sewol, em abril de 2014, um diretor do colegial que foi resgatado cometeu suicídio. Ele organizou a viagem para os estudantes. O presidente da companhia de balsa também foi encontrado morto em um suposto suicídio. Em outubro de 2014, um funcionário do governo de segurança cometeu suicídio depois que 16 pessoas foram mortas em um concerto realizado pelo grupo K-Pop 4Minute que ele supervisionou. Eles foram mortos por uma grade de metal com defeito. Em 2015, após um acidente de ônibus fatal de funcionários públicos sul-coreanos que visitaram a China, um oficial do governo envolvido com a organização cometeu suicídio pulando fora de seu quarto de hotel na China.

Em 18 de dezembro de 2017, Kim Jonghyun, vocalista principal do grupo sul-coreano Shinee, cometeu suicídio. Ele foi encontrado inconsciente em um quarto de hotel por paramédicos depois de enviar uma nota de suicídio para sua irmã e mais tarde foi declarado morto na chegada ao hospital. Uma nota de suicídio foi encontrada, com palavras como "Estou quebrado por dentro" e "Eu me odeio", o que evidencia sua depressão que ele havia falado por muitos anos.


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O que a Coreia está fazendo para evitar os suicídios?


Essa deve estar sendo uma das prováveis perguntas que deve estar se fazendo! Então vamos lá...


Sinais de ponte usados ​​nos esforços anti-suicídio da Coreia do Sul


Bem, um local muito comum em que os coreanos resolvem cometer o ato é no Rio Han.

Olhando por cima das grades de proteção da Ponte Mapo, há uma queda de 60 pés no Rio Han. Isso provavelmente não é alto o suficiente para morrer no impacto, mas isso não impediu que muitas pessoas tentassem. Nos últimos cinco anos, pelo menos 100 sul-coreanos saltaram para o rio. Das 31 pontes em todo o Han, Mapo parece ser a melhor escolha para os jumpers. Cansado de ser referido como "A Ponte da Morte", o governo da cidade de Seul recentemente fez algumas mudanças na ponte. Agora as autoridades estão chamando-a de Ponte da Vida.

Em vez de instalar altas cercas para deter os saltadores, as autoridades escolheram uma estratégia de apelar às emoções de uma pessoa. Park Young-ki, do Korea Suicide Prevention Group, foi contratado pela cidade para dar um novo visual ao Mapo Bridge. "A maioria das pessoas se suicida porque tem problemas para se comunicar e se sente isolada" Park disse. "Então esta ponte fará as pessoas sentirem que são procuradas e as ajudará a se abrirem também". Ao longo de todo o corrimão são slogans inspiradores que acendem quando você passa. Eles dizem coisas como "como você está?", " Não é bom estar andando em uma ponte"? e "Você já comeu alguma coisa?". Há também fotos de bebês no trilho, e no centro da ponte há um banco com uma estátua de bronze de um jovem curvado. É uma abordagem única para a prevenção do suicídio no país que tem uma das maiores taxas de suicídio no mundo. Mas nem todos estão impressionados com a Ponte da Vida e suas mensagens positivas...

O Dr. Kim Hyun-chung diz que acha que alguns dos novos recursos podem ser contraproducentes. Ele para para olhar as fotos de um bebê. "Isso pode deixar alguém mais triste, porque talvez eles tenham perdido um filho. Pode ser alguém de quem eles sentem muita falta e querem ir com eles". Suicídio ainda é um assunto tabu na Coreia do Sul. Park Young-ki, consultor da Bridge of Life, reconhece que os novos recursos não resolvem todos os problemas, mas é um começo. "Há uma necessidade de educação suicida e nossa organização está trabalhando para colocar mensagens semelhantes não apenas em pontes, mas também em escolas", ele disse. O Dr. Kim Hyun-chung admite que pelo menos o governo está tentando resolver o problema de suicídio da Coreia. Mas ele diz que as pessoas deprimidas precisam de mais ajuda do que apenas mensagens positivas em grades de proteção. "Precisamos ter mais interesse nas pessoas à nossa volta e ouvir suas dificuldades. Hoje em dia as pessoas estão tão ocupadas e presas a seus próprios problemas; elas realmente não têm tempo para ouvir umas às outras". Kim diz que talvez as tentativas de suicídio na ponte de Mapo caiam agora, mas se alguém está realmente determinado a pular para a morte, há muitas outras pontes em todo o Rio Han.




STOPS


A Coreia do Sul implementou as Estratégias para Prevenir o Suicídio (STOPS), um projeto cujas iniciativas visam aumentar a conscientização pública, melhorar o relato da mídia sobre suicídio, triagem de pessoas com alto risco de suicídio, restringir o acesso a meios e melhorar o tratamento de suicidas deprimidos. Todos esses métodos se esforçam para aumentar a conscientização pública e o apoio governamental à prevenção do suicídio.

Atualmente, a Coreia do Sul e outros países que implementaram esta iniciativa estão em processo de avaliar quanta influência essa iniciativa tem sobre a taxa de suicídio.

O Ministério da Educação criou um aplicativo de smartphone para verificar as postagens de mídia social, mensagens e pesquisas na web de alunos por palavras relacionadas ao suicídio.


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A Coreia ainda está longe de ser perfeita (embora ao olhar para o padrão de lá pensemos isso)! Mas cada vez mais o Governo Coreano ~e os coreanos no geral~ estão tentando ao máximo evitar esse tipo de coisa.

Espero muito que vocês tenham gostado desse post!


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Links tomados como base para este post:

- https://en.wikipedia.org/wiki/Joseon

- https://aminoapps.com/c/kpoppt/page/blog/o-bullying-na-coreia-do-sul-construcao/Bx6q_pYUwudRmYDzZPD2YVJn3q4GvZpQdG

- https://en.wikipedia.org/wiki/Suicide_in_South_Korea

- https://www.pri.org/stories/2012-09-27/bridge-signs-used-south-korea-anti-suicide-efforts

- http://www.koreaherald.com/view.php?ud=20180426000581

- https://en.wikipedia.org/wiki/Education_in_South_Korea

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